sexta-feira, 3 de junho de 2016

Nota Conjunta da Associação Orquídeas LGBT e contra Projeto de Lei nº 389/2015 em tramitação na Câmara Municipal de Manaus


A ASSOCIAÇÃO ORQUÍDEAS GLBT
GAYS, LESBISCAS, BISSEXUAIS E TRAVESTIS E TRANSEXUAIS.
E
MOVIMENTO EDUCAÇÃO PELA DIVERSIDADE NO AMAZONAS

O Movimento Educação pela Diversidade no Amazonas congrega lideranças LGBT, pesquisadores, educadores, profissionais de diferentes áreas e militantes de diferentes movimentos sociais em defesa da diversidade, do respeito às diferenças e contra as violências de gênero na educação. Constituído inicialmente em oposição ao Projeto de Lei nº 389/2015 em tramitação na Câmara Municipal de Manaus, o movimento articula-se produzindo ações e reflexões contrárias a propostas legislativas que ferem a liberdade de expressão, a autonomia pedagógica, o direito constitucional à diferença e, portanto, a cidadania plena.

CARTA ABERTA EM DEFESA DA
DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO

A Associação Orquídeas GLBT entidade Gays, Lesbiscas, Bissexuais e Travestis e Transexuais, o momento histórico que o país atravessa exige especialmente das pessoas atuantes na educação um posicionamento perante ações que visam impedir os diálogos construídos e interferir nos avanços já conquistados pelas políticas de Educação em Direitos Humanos. Demanda uma postura vigilante frente às articulações e propostas legislativas para o cerceamento do fazer pedagógico em nosso município e estado; e impõe a necessidade de fortalecer o compromisso com o respeito às diferenças e o combate às violências em todas as suas formas.
Muitas crianças, adolescentes e jovens têm suas trajetórias educacionais comprometidas e interrompidas em decorrência das desigualdades, discriminações e violências sofridas no âmbito escolar e também fora dele. Esse aspecto está diretamente relacionado às questões de diversidade e gênero, sobretudo ao machismo, ao racismo e à LGBTFOBIA promovidos pela negação das diferenças, pela naturalização das desigualdades, pelo estímulo ao preconceito e pela conivência com diversas formas de violências.
Grupos políticos fundamentalistas têm investido em disseminar compreensões distorcidas e preconceituosas sobre a temática de gênero que não correspondem à realidade dos estudos sobre a questão. Os estudos de gênero subsidiam reflexões e práticas que contribuem para compreender, prevenir e combater violências motivadas pelas desigualdades de gênero e pelo desrespeito às identidades de gênero e orientação sexual e vivenciadas diariamente por milhares de pessoas dentro e fora do ambiente escolar. Sem caráter prescritivo nem homogeneizante, os estudos de gênero contribuem para o respeito às diferenças e às diversidades, garantindo o caráter plural da sociedade.
A proibição de discussões sobre diferenças, diversidades e gênero nas escolas invisibiliza e violenta milhares de pessoas, estigmatiza instituições, promove a segregação entre grupos, desarticula debates e impossibilita diálogos necessários para a garantia do direito à vida, à diferença e à liberdade.
Qualquer tentativa de limitar essas discussões na educação configura-se como um ato inconstitucional porque viola os princípios da igualdade de condições de acesso e permanência na escola, da não discriminação, da qualidade do ensino e da liberdade de aprender e ensinar com respeito à diversidade cultural, étnico-racial, sexual e de gênero da população brasileira. É, portanto, indispensável discutir e promover a igualdade de gênero, de raça e de orientação sexual nas escolas como princípio de direito que assegura o fortalecimento de uma sociedade efetivamente democrática.
As pessoas e instituições que assinam e subscrevem este documento acreditam em uma educação capaz de superar as desigualdades, pautando suas ações nos princípios dos direitos humanos, privilegiando o reconhecimento da pluralidade das identidades e dos comportamentos relativos às diferenças, repudiam qualquer forma de cerceamento do direito de refletir e discutir sobre diversidade e gênero na educação e reafirmam seu compromisso de construir uma sociedade equitativa para todos e todas.

Assinam:
Paulo Oliveira – Presidente da Associação Orquídeas LGBT
Denison Alves – Coordenador da ARTGAY/Amazonas
Luiz Henrique Fernandes – Coordenador da Aliança Amazonense LGBT / ARTJOVEM
Manoel Igor  - Vice-presidente da Associação Orquídeas GLBT / ARTJOVEM
Suele Santos – Secretaria Geral da Associação Orquídeas e ABL/AM
Joyce Lorane – Rede Nacional de Trans – REDETRANS/AM
Elias Santos – Articulação Brasileira de Jovens GAYS - ARTJOVEM
Denis Pereira - Associação Orquídeas GLBT
Rebeka Queiroz - Associação Orquídeas GLBT  /UBES
Eudoxio Santos- Associação Orquídeas GLBT / CUTLGBT
Juliana Correa - Associação Orquídeas GLBT 

Keitiane Freitas -  ­ Associação Orquídeas GLBT / ABL/AM